Se você pensa que tudo o que se come com fome tem um sabor delicioso, temos a certeza de que você nunca experimentou essa iguaria campestre: bolinho de chuva frio sabor calabresa defumada!
Imagine a combinação do gostinho de piraquê de presunto com geladeira fedida e açúcar e canela... É - realmente - inesquecível...
30 de novembro de 2009
17 de novembro de 2009
Ouvem-se os suínos de Natal
Prólogo
Os gritos dos suínos no matadouro embalaram meus sonhos infantis. Quais as consequências psicológicas que esses sons, nada harmônicos nem melódicos, causaram em minha mente? Pena, dor, sentimento de vingança contra a raça humana? Nada disso e tudo isso: muitos questionamentos sobre o que representa no imaginário coletivo a palavra porco e qual o papel de seu representante físico no mundo real.
Porco, pra quê te quero?
Porcofobia?
Boca de porco é como chamam um lugar bagunçado, que não preza pela qualidade, mal gerenciado. Cabeça de porco é como chamam um cortiço, um lugar cheio de gente e, por isso também, um pouco bagunçado. Porco é como chamam o torcedor do Palmeiras, mas também é como nos referimos aos indivíduos de conduta duvidosa, indivíduos bagunçados moralmente... [sem analogias, por favor!] E os judeus e adventistas e mais um monte de religiosos não comem carne de porco, pois os bichinhos foram malditos na Bíblia como representantes do tinhoso na Terra! E agora tem a gripe porcina, tão pegajosa quanto a viúva! Será que é a praga do Apocalipse já prevista na década de 80? Em 2012 quem não comer porco será arrebatado? Deuses!
Hócus-pócus, pobres porcos!
Dizem que os porcos são tão inteligentes quanto os cachorros. Nunca pude comprovar, pois os que conheci viraram comida assim que cresceram um pouco. Sei que criam porcos em casa sem fins alimentícios [ainda não conheci nenhum criador desse tipo], mas porcos-toy não são assim populares com a garotada que foi doutrinada a gostar dos cães, gatos e peixes. O único destaque positivo dos suínos na mídia foi o porquinho falante Babe, de quem não temos notícias há anos, pois cresceu muito e deve ter virado presunto ou viciado em ervas, como os atores mirins.
Temos de admitir que porcos são figuras malquistas até em desenhos animados: ou são gagos, ou são detestados por lobos, ou são maldosos e querem aprontar alguma pra cima dos carneiros [Shaun que o diga!].
Então, foquemos nas coisas boas que os porquinhos nos trazem: nhóinc! é uma onomatopeia fofa; tem também focinho que sobe-e-desce e fica suando e solta ar quente com perdigotos e remete ao cheiro do chiqueiro, éca!
Epílogo
Puxa, acho que só a alquimia culinária [para quem não tem uma religião com dieta restritiva e não acredita que isso vai impedir o arrebatamento em 2012] é que pode nos lembrar dos prós de um porcino: o carinho do pernil de Natal, o aroma do joelho de porco com chucrute, a cor peculiar da água da salsicha, o paladar inenarrável do lombo com abacaxi, o brilho da bistequinha, a tonalidade rosa-roxo do presunto... e aaah, os assustadores mas gostosos porco no rolete e porco assado com a maçã na boca!
Porco, como te quero!
Os gritos dos suínos no matadouro embalaram meus sonhos infantis. Quais as consequências psicológicas que esses sons, nada harmônicos nem melódicos, causaram em minha mente? Pena, dor, sentimento de vingança contra a raça humana? Nada disso e tudo isso: muitos questionamentos sobre o que representa no imaginário coletivo a palavra porco e qual o papel de seu representante físico no mundo real.
Porco, pra quê te quero?
Porcofobia?
Boca de porco é como chamam um lugar bagunçado, que não preza pela qualidade, mal gerenciado. Cabeça de porco é como chamam um cortiço, um lugar cheio de gente e, por isso também, um pouco bagunçado. Porco é como chamam o torcedor do Palmeiras, mas também é como nos referimos aos indivíduos de conduta duvidosa, indivíduos bagunçados moralmente... [sem analogias, por favor!] E os judeus e adventistas e mais um monte de religiosos não comem carne de porco, pois os bichinhos foram malditos na Bíblia como representantes do tinhoso na Terra! E agora tem a gripe porcina, tão pegajosa quanto a viúva! Será que é a praga do Apocalipse já prevista na década de 80? Em 2012 quem não comer porco será arrebatado? Deuses!
Hócus-pócus, pobres porcos!
Dizem que os porcos são tão inteligentes quanto os cachorros. Nunca pude comprovar, pois os que conheci viraram comida assim que cresceram um pouco. Sei que criam porcos em casa sem fins alimentícios [ainda não conheci nenhum criador desse tipo], mas porcos-toy não são assim populares com a garotada que foi doutrinada a gostar dos cães, gatos e peixes. O único destaque positivo dos suínos na mídia foi o porquinho falante Babe, de quem não temos notícias há anos, pois cresceu muito e deve ter virado presunto ou viciado em ervas, como os atores mirins.
Temos de admitir que porcos são figuras malquistas até em desenhos animados: ou são gagos, ou são detestados por lobos, ou são maldosos e querem aprontar alguma pra cima dos carneiros [Shaun que o diga!].
Então, foquemos nas coisas boas que os porquinhos nos trazem: nhóinc! é uma onomatopeia fofa; tem também focinho que sobe-e-desce e fica suando e solta ar quente com perdigotos e remete ao cheiro do chiqueiro, éca!
Epílogo
Puxa, acho que só a alquimia culinária [para quem não tem uma religião com dieta restritiva e não acredita que isso vai impedir o arrebatamento em 2012] é que pode nos lembrar dos prós de um porcino: o carinho do pernil de Natal, o aroma do joelho de porco com chucrute, a cor peculiar da água da salsicha, o paladar inenarrável do lombo com abacaxi, o brilho da bistequinha, a tonalidade rosa-roxo do presunto... e aaah, os assustadores mas gostosos porco no rolete e porco assado com a maçã na boca!
Porco, como te quero!
Fácil, fácil!
Como todo restaurante que dá um "tíque" e, se você juntar dez deles, ganha uma refeição completa; ou então como o café que, se você colecionar cinco carimbos, o próximo é na faixa, o botequim da esquina tem promoção exclusiva para beberrões de Tubaína [a rainha do espumante tutti-frutti] e glutões de P.F. [a refeição mais balanceada à brasileira]: pague R$ 6,99, tome um cafezinho adoçado na saída, chupe uma bala de menta e guarde o troco – depois de 700 refeições você ganha uma de grátis!
10 de novembro de 2009
"Tempo-tempo mano velho..."
Ontem não consegui dormir até acabar o programa Invenção do contemporâneo na TV Cultura [o que atrapalhou meu trabalho hoje, já que as emissões realmente importantes passam depois da meia-noite...].
Há tempos ouço falar da Olgária Matos, ouvia muito falar dela nos corredores da Filosofia, mas não sabia qual sua aparência nem voz. A imagem que eu tinha criado era a de uma pessoa de uns 70 e trá-las-las anos, cabelos brancos presos em coque e com uma personalidade um tanto quanto dura.
A personalidade deve ser muito forte, mas ela é jovem, simpática, fala sobre a contemporaneidade como poucos que já ouvi, com muita desenvoltura, e o tema que ela abordou me interessava muito: o tempo sem experiência.
Para quem quiser, reserve um tempo [+ ou - 40 minutos] para experienciar que suas angústias com a passagem do tempo, cada vez mais rápida e com esse sentimento de vazio, vêm num crescendo desde 1855! Aí vai o link, aproveitem!
Há tempos ouço falar da Olgária Matos, ouvia muito falar dela nos corredores da Filosofia, mas não sabia qual sua aparência nem voz. A imagem que eu tinha criado era a de uma pessoa de uns 70 e trá-las-las anos, cabelos brancos presos em coque e com uma personalidade um tanto quanto dura.
A personalidade deve ser muito forte, mas ela é jovem, simpática, fala sobre a contemporaneidade como poucos que já ouvi, com muita desenvoltura, e o tema que ela abordou me interessava muito: o tempo sem experiência.
Para quem quiser, reserve um tempo [+ ou - 40 minutos] para experienciar que suas angústias com a passagem do tempo, cada vez mais rápida e com esse sentimento de vazio, vêm num crescendo desde 1855! Aí vai o link, aproveitem!
22 de agosto de 2009
Deu zebra?
21 de agosto de 2009
Na verdade,
Cada época tem o vício de linguagem que merece e “Na verdade,” é o da vez. Daqui a alguns anos, algum lexicógrafo vai achar fundamental incluir a locução no verbete “verdade” e a etimologia será a seguinte:
[var. do lat. in+a+ veritas, adaptada ao séc. XXI: muito usada nos ambientes de trabalho, chamados de empresas, a expressão “Na verdade,” vem seguida da mesma frase que a pessoa acabou de dizer, só que explicada de uma maneira ou mais rebuscada (para encobrir a mentira) ou mais didática (para o enunciador se sentir intelectualmente superior). A expressão vem sempre seguida de vírgula, pois a pausa é necessária para dar autenticidade a ela.]
[var. do lat. in+a+ veritas, adaptada ao séc. XXI: muito usada nos ambientes de trabalho, chamados de empresas, a expressão “Na verdade,” vem seguida da mesma frase que a pessoa acabou de dizer, só que explicada de uma maneira ou mais rebuscada (para encobrir a mentira) ou mais didática (para o enunciador se sentir intelectualmente superior). A expressão vem sempre seguida de vírgula, pois a pausa é necessária para dar autenticidade a ela.]
16 de maio de 2009
Vale a pena
Pessoal, o livro que o Carlos [querido] escreveu baseado em um disco do Luiz Gonzaga foi publicado pela Mojo. Para ler e se divertir, basta clicar na foto, se cadastrar no site e fazer o download. Acho legal que, depois ou antes da leitura, vocês ouçam o disco! E quem ficar com vontade de dançar um forró, não se segure! :o) Beijos!
19 de abril de 2009
Os bichos - II
A cadela Nina
Nina olha a câmera e arrebita o focinho. Seus olhos curiosos tentam descobrir quem é a figura faceira refletida na lente. Em segundos, ela ergue a sobrancelha e, num auto-reconhecimento instantâneo, sorri largo. Sua imagem é capturada. Fica, então, registrado, que Nina faz parte da estirpe dos cães puramente felizes. Na velocidade de um flash, Nina faz com que vejamos [através de seus olhos despretensiosos] as portas do mundo que devem ser abertas.
Os cachorros Sagu e Magoo
Filhotes de mesma mãe - Pagu - Sagu e Magoo não se largam. Tentaram separá-los, mas eles nasceram grudados! O que seria dos olhos de Magoo, todos esbugalhados, se não fosse o afetuoso irmão-guia Sagu? O que seria de Sagu, cachorro-carente [quase um cachorro-quente], se não fosse a fraternidade [sem interesses] de Magoo?
O gato Mané
Dando uma de Mané, foi se aboletando na grama da vizinha. Dia sim, noite sim, Mané miava à luz do sol, da lua e olhava fixo pras estrelas. Dias depois, Mané conseguiu dormir dentro do novo lar e ganhou cinco irmãos gatos e um irmão cachorro - "Que alegria!". No entanto, ninguém sabia que Mané, em suas noites ao relento, tinha ganhado uma mania... Olhava as estrelas fixamente e pedia, com fé sincera, para ganhar uma família. Como seu pedido foi atendido e não queria perder seus novos companheiros mais queridos, sismou que cada habitante da casa era uma estrela e que ele os olharia fixamente sempre, para nunca perder o céu de vista. Mas pobre Mané! Guardou seu segredo a sete chaves e foi incompreendido pela sua fraternidade. "É um esquisito, seu olhar fixo é uma anomalia, uma afronta!" - dizem seus irmãos. Mas mesmo assim, maltratado e rejeitado, ele ama esse céu que compôs pertinho dele e os fixa em sua mira. [hoje, Mané - o vencedor do concurso felino de quem pisca primeiro - apanha de seus irmãos semana sim, semana sim. ele reage deitando de costas, levantando suas patinhas e pedindo às estrelas que fiquem um pouco mais alegrinhas...]
O cachorro Tutti
Tutti de tutti-frutti não tem nada. Nem de fruta alguma, nem de tutti buona gente, ele é especialista em tocar o terror na multidão. Em seus 50 cm de comprimento, 30 cm de altura e poucos quilos de puro pelo, Tutti, para piorar, é bipolar. Uma hora ele te ama, pede colo, bate patinhas. Na outra, te abocanha com sua arcada dentária pequena, mas afiada. Ele é o Scoobiloo dos poodles, o Taz do Brasil. Furacão 2000 que o aguarde, pois MC Tutti Besta-Fera é militante e vai dar um fim a essa onda de chamar humanos de cachorras - o que ele considera um desfavorecimento à sua classe. É bom estar preparado!
Nina olha a câmera e arrebita o focinho. Seus olhos curiosos tentam descobrir quem é a figura faceira refletida na lente. Em segundos, ela ergue a sobrancelha e, num auto-reconhecimento instantâneo, sorri largo. Sua imagem é capturada. Fica, então, registrado, que Nina faz parte da estirpe dos cães puramente felizes. Na velocidade de um flash, Nina faz com que vejamos [através de seus olhos despretensiosos] as portas do mundo que devem ser abertas.
Os cachorros Sagu e Magoo
Filhotes de mesma mãe - Pagu - Sagu e Magoo não se largam. Tentaram separá-los, mas eles nasceram grudados! O que seria dos olhos de Magoo, todos esbugalhados, se não fosse o afetuoso irmão-guia Sagu? O que seria de Sagu, cachorro-carente [quase um cachorro-quente], se não fosse a fraternidade [sem interesses] de Magoo?
O gato Mané
Dando uma de Mané, foi se aboletando na grama da vizinha. Dia sim, noite sim, Mané miava à luz do sol, da lua e olhava fixo pras estrelas. Dias depois, Mané conseguiu dormir dentro do novo lar e ganhou cinco irmãos gatos e um irmão cachorro - "Que alegria!". No entanto, ninguém sabia que Mané, em suas noites ao relento, tinha ganhado uma mania... Olhava as estrelas fixamente e pedia, com fé sincera, para ganhar uma família. Como seu pedido foi atendido e não queria perder seus novos companheiros mais queridos, sismou que cada habitante da casa era uma estrela e que ele os olharia fixamente sempre, para nunca perder o céu de vista. Mas pobre Mané! Guardou seu segredo a sete chaves e foi incompreendido pela sua fraternidade. "É um esquisito, seu olhar fixo é uma anomalia, uma afronta!" - dizem seus irmãos. Mas mesmo assim, maltratado e rejeitado, ele ama esse céu que compôs pertinho dele e os fixa em sua mira. [hoje, Mané - o vencedor do concurso felino de quem pisca primeiro - apanha de seus irmãos semana sim, semana sim. ele reage deitando de costas, levantando suas patinhas e pedindo às estrelas que fiquem um pouco mais alegrinhas...]
O cachorro Tutti
Tutti de tutti-frutti não tem nada. Nem de fruta alguma, nem de tutti buona gente, ele é especialista em tocar o terror na multidão. Em seus 50 cm de comprimento, 30 cm de altura e poucos quilos de puro pelo, Tutti, para piorar, é bipolar. Uma hora ele te ama, pede colo, bate patinhas. Na outra, te abocanha com sua arcada dentária pequena, mas afiada. Ele é o Scoobiloo dos poodles, o Taz do Brasil. Furacão 2000 que o aguarde, pois MC Tutti Besta-Fera é militante e vai dar um fim a essa onda de chamar humanos de cachorras - o que ele considera um desfavorecimento à sua classe. É bom estar preparado!
9 de abril de 2009
Esfinge
Em fita enfileiram-se.
Em linha encontram a agulha e espetam.
Em corda reverberam do diafragma à face.
Em fio chegam sem pedir licença.
Em teia penetram o sombrio, o luminoso, o tenebroso, o maravilhoso.
Em linha encontram a agulha e espetam.
Em corda reverberam do diafragma à face.
Em fio chegam sem pedir licença.
Em teia penetram o sombrio, o luminoso, o tenebroso, o maravilhoso.
15 de março de 2009
O último filme que me fez chorar foi O Escafandro e a Borboleta. E a dor no estômago que me deu hoje fez eu me lembrar dele. Todos esses filmes de superação mexem comigo. Qualquer história do tipo “Gente que faz” me motiva a ser cada vez melhor, mais engajada, mais ativa, mais corajosa, mais qualquer coisa que seja tudo de melhor.
Quando era pequena assisti pelo menos umas 20 vezes ao filme da Nadia Comaneci, chorei todas elas e decidi que queria ser alguém importante, reconhecida pela superação dos obstáculos. Na escola praticava a ginástica olímpica; em casa, eu e minha prima fazíamos apresentações no colchão no chão, com paradas de mão, pontes, cambalhotas, o maior sucesso pra gente. Até o dia em que, depois de uma parada de mão, quase quebrei o pé. E desisti.
Com O Escafandro e a Borboleta, já pensei diferente. Putz, o cara pisca pra escrever um livro e eu, que posso piscar, falar, escrever e rebolar, fico mais parada que o trânsito em São Paulo, esperando uma pomba suicida bater no vidro do carro pra ter um lampejo de brilhantismo e escrever.
Daí, os botões ativaram: que engajamento é esse, tão efêmero quanto a duração do filme ou, pior, da vinheta? Essa minha meia-educação-católica / meia-educação-masoquista fez com que eu achasse por muito tempo na minha vida que o sofrimento é o que move, a falta de amor é o que faz ter assunto, a falta, o sofrer, a dor... [a dor de estômago resultante de um pacote de Calipso, shame on me! Hehehehe!]. Balela! [não baleia, :o)!] Mentira que é bom sofrer de amor. Mentira que pra ser criativo alguém precisa de drogas e um pé na bunda. O mundo está cheio de histórias tristes, pessoas reclamando de tudo e oportunidades escapando.
Bom mesmo, legal a valer, é ser simples e feliz. Mas não feliz-propaganda-de-margarina-absorvente-higiênico-serenus. Ou então feliz-mulheres-das-novelas-apaixonadas. Mas sim feliz-amar-e-ser-amada-sorrir-despreocupada-saber-que-pode-confiar-e-que-pra-sempre-é-hoje-todos-os-dias-agora. Com a família, com o amor-querido, com as amigas, com quem acabo de conhecer, até com a carcereira do refeitório do trabalho.
Talvez eu não deva escrever nem mesmo tentar ser ginasta [o que seria improvável na minha balzaqueanice e na minha forma física, rs], mas todos os dias meu engajamento está dentro do que é possível: me dedico a ser uma pessoa melhor, falho, me dedico novamente, falho, e vou pra onda do querer me desafiar nas esquisitices. [Agora, por exemplo, era para eu estar trabalhando num livro legal-porém-difícil; mas ouvir a voz do amor-querido me fez lembrar do blog e me fez querer escrever sobre o que encontrei, porque decidi, não por sorte...]
***
Faz um tempo que descobri que é fator-isolante ser feliz nesse mundo de gente que busca a felicidade e prefere ser triste. Até as pessoas a quem amamos acham difícil acreditar que alguém possa ser feliz! Se googlarmos, acharemos 5.400.000 para livros sobre felicidade. Será que a felicidade – a simples, que faz você sorrir quando vê passarinhos verdes num céu cinza – foi experimentada em todas essas milhões de páginas?
Quando era pequena assisti pelo menos umas 20 vezes ao filme da Nadia Comaneci, chorei todas elas e decidi que queria ser alguém importante, reconhecida pela superação dos obstáculos. Na escola praticava a ginástica olímpica; em casa, eu e minha prima fazíamos apresentações no colchão no chão, com paradas de mão, pontes, cambalhotas, o maior sucesso pra gente. Até o dia em que, depois de uma parada de mão, quase quebrei o pé. E desisti.
Com O Escafandro e a Borboleta, já pensei diferente. Putz, o cara pisca pra escrever um livro e eu, que posso piscar, falar, escrever e rebolar, fico mais parada que o trânsito em São Paulo, esperando uma pomba suicida bater no vidro do carro pra ter um lampejo de brilhantismo e escrever.
Daí, os botões ativaram: que engajamento é esse, tão efêmero quanto a duração do filme ou, pior, da vinheta? Essa minha meia-educação-católica / meia-educação-masoquista fez com que eu achasse por muito tempo na minha vida que o sofrimento é o que move, a falta de amor é o que faz ter assunto, a falta, o sofrer, a dor... [a dor de estômago resultante de um pacote de Calipso, shame on me! Hehehehe!]. Balela! [não baleia, :o)!] Mentira que é bom sofrer de amor. Mentira que pra ser criativo alguém precisa de drogas e um pé na bunda. O mundo está cheio de histórias tristes, pessoas reclamando de tudo e oportunidades escapando.
Bom mesmo, legal a valer, é ser simples e feliz. Mas não feliz-propaganda-de-margarina-absorvente-higiênico-serenus. Ou então feliz-mulheres-das-novelas-apaixonadas. Mas sim feliz-amar-e-ser-amada-sorrir-despreocupada-saber-que-pode-confiar-e-que-pra-sempre-é-hoje-todos-os-dias-agora. Com a família, com o amor-querido, com as amigas, com quem acabo de conhecer, até com a carcereira do refeitório do trabalho.
Talvez eu não deva escrever nem mesmo tentar ser ginasta [o que seria improvável na minha balzaqueanice e na minha forma física, rs], mas todos os dias meu engajamento está dentro do que é possível: me dedico a ser uma pessoa melhor, falho, me dedico novamente, falho, e vou pra onda do querer me desafiar nas esquisitices. [Agora, por exemplo, era para eu estar trabalhando num livro legal-porém-difícil; mas ouvir a voz do amor-querido me fez lembrar do blog e me fez querer escrever sobre o que encontrei, porque decidi, não por sorte...]
***
Faz um tempo que descobri que é fator-isolante ser feliz nesse mundo de gente que busca a felicidade e prefere ser triste. Até as pessoas a quem amamos acham difícil acreditar que alguém possa ser feliz! Se googlarmos, acharemos 5.400.000 para livros sobre felicidade. Será que a felicidade – a simples, que faz você sorrir quando vê passarinhos verdes num céu cinza – foi experimentada em todas essas milhões de páginas?
8 de março de 2009
Persistência
Para os persistentes que ainda passam por aqui com a esperança de ler algo novo, que não fossem desculpas por não escrever nada há tempos, muito obrigada! O blogue está só com xícaras usadas e café de garrafa térmica, mas voltarei em breve. Talvez com outro blogue, talvez com o mesmo de cara nova...
Vi que existem novidades blogueiras que desconhecia, como os "seguidores", e já agradeço minha prima Cris por ser uma seguidora querida! :o)
Beijos a todos e persistam, pois renascerei da borra loguinho-loguinho! Ah! E um Ano-Novo muito lindo, com muita luz, um pouco menos de calor e um viva para quem inventou o ventilador!
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