23 de agosto de 2007

Sobre o amor

Li que Stendhal teorizou sobre o amor.

Ele disse que, para o amor nascer, três coisas são necessárias: admiração, esperança e uma dose de insegurança.

Concordo e simplifico. Para o amor nascer, a gente precisa permitir que ele nasça.
Agora, eu concordo e complico. Para permitir que ele nasça, a gente tem de se livrar de memórias e não comparar o que passou com o que passa. Ninguém é igual nem age da mesma maneira. Pagar pelo o que outras pessoas fizeram pra alguém é duro. Endurece. Dá vontade de xingar o mundo. Ter de abrir mão de quem você gosta por causa disso, pior ainda.
Não acabou nem a admiração, nem a dose de insegurança. A esperança também não, mas muito pouco depende dela. E de mim. Espero que esse nó na garganta que teima em aparecer e me faz chover me deixe melhor. Espero ouvir sua voz de novo, nova.

Peixe fora d'água

Confesso, sinto uma inveja futebolística: os jogadores de futebol têm o tempo certo pra jogar a toalha. Tá lá, determinado: 45 do primeiro tempo, 45 do segundo. É matemático, lógico, racional, como tem que ser um jogo.

Não nasci com o talento de chutar uma bola. Já caí uma vez tentando e minha segunda tentativa resultou em uma unha roxa. Daí me explicaram que se chuta a bola com a parte de dentro do pé, ou com a de fora. Tarde demais, minha unha já tinha até caído. Então, cada vez que via um jogo, me dava uma dor no pé que eu decidi ignorar a existência do futebol.

E estava aí meu erro.
Futebol é muito mais que um jogo, é um treino na arte do jogar agressivo, estratégico, racional, macho. Tudo bem prático, é ou não é, 8 ou 80. As regras não têm exceção dentro do tempo do jogo. Cartão amarelo [atenção!], cartão vermelho [expulsão!]. Num gostou, chuta ou empurra, grita e solta seu estoque de xingamentos. A hora predita de se jogar a toalha está lá, varia no máximo 5 minutos. E nos 45 do segundo tempo, na hora de se jogar a toalha, de tirar o time de campo, você vai ter o resultado, bom ou não para seu time. Resultado inflexível e binário da paixão nacional.
Esse era o aprendizado que eu teria adquirido. Mas eu preferi participar da natação, deu no que deu!