31 de outubro de 2006

L'arrache coeur

A cabeça segue o coração.

Meu coração bate tão rápido e se deixa levar por qualquer movimento externo que demonstre carinho, respeito. Ainda mais quando são usadas palavras, ah, aí esse coração registra e aceita sem duvidar.
E o inevitável sempre acontece: ele sai do ritmo e oscila entre desperto, acelerado, ansioso, satisfeito.

Mas quando ele pára.


o vital acaba e o cérebro continua a funcionar, desordenado, cheio, desesperançoso de retomar consciência.



Por algum motivo fazem com que meu coração volte à vida e tudo fica tranqüilo, esperançoso novamente. É só despejar letras sobre o papel e ouvir um argumento certeiro:
o corpo tem alguém como recheio.

Orelhas pra que te quero!

FUI perceber dia desses a função da sobra de pele na parte posterior de minhas orelhas externas.

O início da ramificação de duas orelhas-extras, extensões que lembram o símbolo maior do que o dicionário define como burrice e/ou credulidade.

Sim, se me encontrarem em qualquer parte, por favor, não me estranhem. Sobretudo não apontem em direção a elas.

Consultei pessoas que passaram pela mesma experiência e foi-me dito que essas orelhas regridem, caso seja tomado um remédio de recuperação de vergonha na cara.
Então, isso tem cura!

O difícil mesmo [e olhem que eu não me canso de tentar!] é conseguirque me brotem receptáculos sensíveis o bastante para afastar espíritos que brincam com o que eu tenho de melhor.

30 de outubro de 2006

Resposta para o anônimo

Sair da cabeça pra virar palavra foi o problema.
A palavra concretiza o sentimento e o liberta. Então, travou-se todo o vocabulário.
Daí, em belo instante panquecas de frango, guaraná e Marisa Monte, despejei tudo em papel e passou.
Vou passar a limpo, mas não o sentimento. Amanhã, meu texto de orelha.
Definitivamente, as palavras são mesmo meu remédio.