15 de abril de 2010

Educação

Posso dizer que fui educada pelo cinema, pela televisão e pela música sem pudor. E também pelos livros, mas, por incrível que pareça, bem menos educada por eles. Sempre preferi os gibis.
[Hoje eu defendo a importância da leitura na construção do conhecimento, mas acho que estou mais é vendendo meu peixe. [rs]]

No começo foi assim...

Um filme muda a minha vida: Tudo por uma esmeralda.
Muitas músicas acompanham minha vida: Gilberto Gil e seu Palco.
Os programas da tevê me ensinam: Bambalalão.
E os gibis são o maior presente das minhas férias: Almanacão de férias da Turma da Mônica.

Depois do ponto de partida...

Dos filmes: O segredo de seus olhos [UAU! Não é redundante dizer que isso sim é que é filme: roteiro perfeitamente amarrado até o último segundo. me cansa a valer a teimosia de alguns cineastas [brasileiros e franceses] em permanecerem na nouvelle vague, no realismo italiano ou nos bovarismos sem-fim] e Educação. Educação porque adoro Nick Hornby – ele popeia e pipoca seu pop por todo o filme, n'est-ce pas? [mais um excelente roteiro]
Dos programas de tevê: tá difícil, mas me surpreendi [uha!] com um programa para jovens na Cultura, chamado Login. Pelo menos o que vi esses dias foi bem legal e aprendi como não roubarem a senha do meu e-mail!
Dos livros: Shakespeare, Shakespeare, Shakespeare! De transbordar de maravilhoso! Se você ler um, vai querer ler tudo. Mas prepare-se: faz mudar muita coisa! [e os cronópios, claro.]
Dos presentes de férias: os livros livres de trabalho, que, geralmente, ficam estacionados no criado-mudo, parados na página 21, mas que dão a sensação de que estou lendo o que quero...
Das músicas: as músicas que as pessoas ouvem e lembram de mim, com a batidinha indie-folk e do punk. E música brasileira. E Villa-Lobos, Yamandú, as músicas sem palavras para trabalhar com elas.

5 de março de 2010

Vale um poema


Vale um poema os 5 anos de vida do blog, o centésimo post e o Chile.
O poema foi enviado, como em todas as sextas, por meu chefe e amigo Sergio Alves, que estava lá no Chile quando viu a terra dançar.
[clique na imagem para ampliá-la]

A centésima divagação

A incerteza poderia me desesperar, mas ela me animava a descobrir o incerto, eterno mutante.

***

Eu digo que vou morrer com 120 anos. E vou, a incerteza me dá provas de que tudo pode acontecer. Mas tem vezes que me pego a pensar se falo isso para justificar minha preguiça do fazer hoje, já que tenho 89 anos à minha frente. O que imagino que faria no futuro? Eu me atrasaria 15 minutos, incertamente, para manter a minha infâmia. Também daria um beijo no meu amor, logo cedinho, e desejaria um bom-dia, bom trabalho e declararia meu amor. Porque meu amor vai viver até os 122, tenho a incerteza. Tomaria muitas xícaras de café, incertamente. O estômago e o café são companheiros, não inimigos. [foram feitos um para o outro.] Bateria muito papo furado, falaria bem dos outros, falaria mal dos outros, me culparia pelo último fato e prometeria me calar mais. Arrumaria a cama, escovaria os dentes[5 vezes] e tomaria banho [2 vezes]. Se eu pudesse, desinventaria o computador. Com todas as minhas forças, o destruiria até ele virar pó e sumir no espaço. Eu deixaria para lavar o carro num dia melhor, porque não há dia melhor para lavar o carro. Eu trabalharia menos do que gostaria e leria mais do que poderia. A televisão me tiraria algumas horas de leitura, porque a televisão me ensina. Eu também tentaria adivinhar quem está ligando antes de atender o telefone. Quase sempre acerto e me acho meio bruxa por isso. [a verdade é que poucas pessoas me ligam.] Eu ouviria a rádio Eldorado para descobrir um músico e uma música novos. Café da manhã, almoço, jantar e uns beliscões no meio-tempo, sagrados. Eu viraria japonesiana, com uma alimentação oriental rigorosa. Mas o pão ainda seria alimento essencial e sagrado. O exercício físico seria ainda mais esporádico com o passar do tempo. Eu andaria de bicicleta no fim de semana, como fazia com meus 12 anos. O cinema, o contato com os amigos, as preparações na cozinha, os elogios, tudo seria mais constante.

Mas a muito menos de 89 anos nenhum olhar de hoje será o mesmo. Não haverá ao meu redor as pessoas que vejo hoje, as memórias que vejo hoje, a paisagem que vejo hoje. Nenhum ver pode ser melhor vervido que o de hoje, por mais clichê, repetido e pouco interiorizado que seja. Heloisa Helena de Almeida Beraldo Assis, viveu bem e com muita sorte seus 31 anos, 2 meses, 27 dias e 1 hora exata. Amanhã voltará a vervida com a sorte e a incerteza dos seus 31 anos, 2 meses, 28 dias e algumas horas inexatas, pois vai acordar mais tarde, sem despertador.

***

Centésimo post, viva!
Obrigada - sempre - pelos comentários!
Agora que o ano já está passando ainda mais rápido, feliz 2010!