Prólogo
Os gritos dos suínos no matadouro embalaram meus sonhos infantis. Quais as consequências psicológicas que esses sons, nada harmônicos nem melódicos, causaram em minha mente? Pena, dor, sentimento de vingança contra a raça humana? Nada disso e tudo isso: muitos questionamentos sobre o que representa no imaginário coletivo a palavra porco e qual o papel de seu representante físico no mundo real.
Porco, pra quê te quero?
Porcofobia?
Boca de porco é como chamam um lugar bagunçado, que não preza pela qualidade, mal gerenciado. Cabeça de porco é como chamam um cortiço, um lugar cheio de gente e, por isso também, um pouco bagunçado. Porco é como chamam o torcedor do Palmeiras, mas também é como nos referimos aos indivíduos de conduta duvidosa, indivíduos bagunçados moralmente... [sem analogias, por favor!] E os judeus e adventistas e mais um monte de religiosos não comem carne de porco, pois os bichinhos foram malditos na Bíblia como representantes do tinhoso na Terra! E agora tem a gripe porcina, tão pegajosa quanto a viúva! Será que é a praga do Apocalipse já prevista na década de 80? Em 2012 quem não comer porco será arrebatado? Deuses!
Hócus-pócus, pobres porcos!
Dizem que os porcos são tão inteligentes quanto os cachorros. Nunca pude comprovar, pois os que conheci viraram comida assim que cresceram um pouco. Sei que criam porcos em casa sem fins alimentícios [ainda não conheci nenhum criador desse tipo], mas porcos-toy não são assim populares com a garotada que foi doutrinada a gostar dos cães, gatos e peixes. O único destaque positivo dos suínos na mídia foi o porquinho falante Babe, de quem não temos notícias há anos, pois cresceu muito e deve ter virado presunto ou viciado em ervas, como os atores mirins.
Temos de admitir que porcos são figuras malquistas até em desenhos animados: ou são gagos, ou são detestados por lobos, ou são maldosos e querem aprontar alguma pra cima dos carneiros [Shaun que o diga!].
Então, foquemos nas coisas boas que os porquinhos nos trazem: nhóinc! é uma onomatopeia fofa; tem também focinho que sobe-e-desce e fica suando e solta ar quente com perdigotos e remete ao cheiro do chiqueiro, éca!
Epílogo
Puxa, acho que só a alquimia culinária [para quem não tem uma religião com dieta restritiva e não acredita que isso vai impedir o arrebatamento em 2012] é que pode nos lembrar dos prós de um porcino: o carinho do pernil de Natal, o aroma do joelho de porco com chucrute, a cor peculiar da água da salsicha, o paladar inenarrável do lombo com abacaxi, o brilho da bistequinha, a tonalidade rosa-roxo do presunto... e aaah, os assustadores mas gostosos porco no rolete e porco assado com a maçã na boca!
Porco, como te quero!
4 comentários:
Adorei a arrumação que você fez para tomarmos as nossas novas xícaras de café, mesmo depois de uma pururuca.
Nós, brasileiros, se dependermos dos porcos para o arrebatamento, estamos perdidos. A não ser que Deus volte num domingo, numa segunda, terça, quinta ou sexta; porque quarta-feira e sábado, é dia de feijoada!
Beijos, querida.
Puxa, é mesmo! Esqueci da feijoada, o prato principal! :o)
Muitos beijos!
Mas que bela porcaria, Helô :-) Particularmente, acho que tudo gira em torno da feijoada. Vejamos a linha de raciocínio (racio-suíno?): 1. feijoada > 2. leitão a pururuca > 3. Leitão a Pooh-ruruca > 4. Miss Piggy > 5. Piggies, clássico dos Beatles > 6. Spiderpig, clássico de Homer J. Simpson > 7. "Hmmmm, feijoada...", com saliva escorrendo pelo canto da boca que nem Homer J. Simpson :-p
Eita que neste post SÓ faltaram os clássicos!!! Lembrei da Miss Piggy logo que postei, mas ela só se encaixava na categoria a porquinha mais chata do desenho! Não adianta eu protelar, este post vai ter de ter a parte II: somos porcos mas limpinhos [infame!!! hehhehe!]
Obrigada pelo comentário, John!
Bj!
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