ACHAVA sempre que ela cairia em sua conversa fiada, pois sua ingenuidade ainda era pueril. Nada pode mudar de uma hora pra outra. Até que um dia, ela levantou: o pé direito, o esquerdo, coluna alinhada, a cabeça erguida. E ele se espantou em vê-la bem, sem ele.
ENTÃO começou com uma ladainha – não a emocionou. Depois veio uma cantiga – não teve resposta. Foi a vez do sermão – não acertou o alvo. Um dia lembrou de seu ar maternal – vou falar que quero morrer, a morte é o único meio para atingir o fim. E ela caiu, de patinhas. Sua queda foi para ele uma espécie de elixir revigorante, estava disponível a todos, se sentia vivo. Para ela, se vestiu de caixão cor-de-rosa com verdes funebrilhos e se fez de morto, se disse encantado.
O tombo foi feio, mas ela se levantou: o pé direito, o esquerdo, a coluna ereta e começou a caminhar. Agora já conhece todos os seus truques, suas mentiras. O encanto acabou.