12 de julho de 2012
O bobo, a boba
19 de março de 2012
mágicas cotidianas
olá, poucos leitores que pouco leem o que pouco escrevo neste blogue!
comecei a escrever em um novo blogue, o mágicas cotidianas, junto com o Carlos. será uma experiência de 365 dias, então, o atualizaremos diariamente :)! deem-nos o prazer de sua visita!
beijos!
comecei a escrever em um novo blogue, o mágicas cotidianas, junto com o Carlos. será uma experiência de 365 dias, então, o atualizaremos diariamente :)! deem-nos o prazer de sua visita!
beijos!
10 de fevereiro de 2012
2012, lá vamos nós!
a maioria das pessoas queria que 2011 fosse pra lá de Teerã, pra lá de Bagdá, ou seja, pr'aquele lugar. eu também queria.
agora, nesse comecinho de 2012, já deu pra ver que 2011 foi o ano de preparar o solo para plantar. ontem ganhei duas amigas e vamos semear, juntas, nossos sonhos. de quebra, ganhei um presente: essa ilustração e esse texto aqui. obrigada, Kelly e Lu, pela confiança.
2012, lá vamos nós!
agora, nesse comecinho de 2012, já deu pra ver que 2011 foi o ano de preparar o solo para plantar. ontem ganhei duas amigas e vamos semear, juntas, nossos sonhos. de quebra, ganhei um presente: essa ilustração e esse texto aqui. obrigada, Kelly e Lu, pela confiança.
2012, lá vamos nós!
24 de outubro de 2011
Demais!
Coffee Time from wan-tzu on Vimeo.
"Every cup of coffee contains its own soul, extracted from your feeling today. Every cup of coffee is like a magic show containing different journey and bringing the unending imagination and surprises.With a sip of coffee, you not only taste your own story, but also change your perspective of the world."
6 de outubro de 2011
Here's to the crazy ones!
Como é estranho sentir a morte de alguém que não conhecemos. É uma ausência que sempre foi ausente, mas que agora se eternizou. Acho que a eternização de alguém que fez a diferença no mundo é desse jeito. Assim foi com Saramago em 2010; assim foi ontem com Steve Jobs.
"Here's to the crazy ones. The misfits. The rebels. The troublemakers. The round pegs in the square holes. The ones who see things differently. They're not fond of rules, and they have no respect for the status quo. You can quote them, disagree with them, glorify and vilify them. About the only thing you can't do is ignore them because they change things. They push the human race forward. And while some may see them as crazy, we see genius. Because the people who are crazy enough to think they can change the world, are the ones who do."
"Here's to the crazy ones. The misfits. The rebels. The troublemakers. The round pegs in the square holes. The ones who see things differently. They're not fond of rules, and they have no respect for the status quo. You can quote them, disagree with them, glorify and vilify them. About the only thing you can't do is ignore them because they change things. They push the human race forward. And while some may see them as crazy, we see genius. Because the people who are crazy enough to think they can change the world, are the ones who do."
15 de setembro de 2011
para carlos
a tradução que copiei daqui, achei legal:
uma coca-cola com você
é ainda melhor que uma viagem a San Sebastian, Irun, Hendaye, Biarritz, Bayonne
ou que ficar enjoado na Travessera de Gracia em Barcelona
em parte porque nessa camisa laranja você parece um São Sebastião melhor e mais feliz
em parte porque eu gosto tanto de você, em parte porque você gosta tanto de iogurte
em parte por causa das tulipas laranja fluorescente contra a casca branca das árvores
em parte pelo segredo que nos vem ao sorriso perto de gente e de estatuária
é difícil quando estou com você acreditar que existe alguma coisa tão parada
tão solene tão desagradável e definitiva como estatuária quando bem na frente delas
na luz quente de Nova York às quatro da tarde nós estamos indo e vindo
de um lado para o outro como a árvore respirando pelos olhos de seus nós
e a exposição de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta
de repente você se surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los
olho pra você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do mundo
exceto talvez às vezes o Cavaleiro Polonês que de qualquer maneira está no Frick
aonde graças a Deus você nunca foi de modo que eu posso ir junto com você a primeira vez
e isso de você se mover tão bonito mais ou menos dá conta do Futurismo
assim como em casa nunca penso no Nu Descendo a Escada ou
num ensaio em algum desenho de Leonardo ou Michelangelo que costumava me deslumbrar
e o que adianta aos Impressionistas tanta pesquisa
quando eles nunca encontraram a pessoa certa para ficar perto de uma árvore quando o sol baixava
ou por sinal Marino Marini que não escolheu o cavaleiro tão bem
quanto o cavalo acho que eles todos deixaram de ter uma experiência maravilhosa
que eu não vou desperdiçar por isso estou te contando
Frank O'Hara (mais alguém genial que morreu aos 40)
a tradução que copiei daqui, achei legal:
uma coca-cola com você
é ainda melhor que uma viagem a San Sebastian, Irun, Hendaye, Biarritz, Bayonne
ou que ficar enjoado na Travessera de Gracia em Barcelona
em parte porque nessa camisa laranja você parece um São Sebastião melhor e mais feliz
em parte porque eu gosto tanto de você, em parte porque você gosta tanto de iogurte
em parte por causa das tulipas laranja fluorescente contra a casca branca das árvores
em parte pelo segredo que nos vem ao sorriso perto de gente e de estatuária
é difícil quando estou com você acreditar que existe alguma coisa tão parada
tão solene tão desagradável e definitiva como estatuária quando bem na frente delas
na luz quente de Nova York às quatro da tarde nós estamos indo e vindo
de um lado para o outro como a árvore respirando pelos olhos de seus nós
e a exposição de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta
de repente você se surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los
olho pra você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do mundo
exceto talvez às vezes o Cavaleiro Polonês que de qualquer maneira está no Frick
aonde graças a Deus você nunca foi de modo que eu posso ir junto com você a primeira vez
e isso de você se mover tão bonito mais ou menos dá conta do Futurismo
assim como em casa nunca penso no Nu Descendo a Escada ou
num ensaio em algum desenho de Leonardo ou Michelangelo que costumava me deslumbrar
e o que adianta aos Impressionistas tanta pesquisa
quando eles nunca encontraram a pessoa certa para ficar perto de uma árvore quando o sol baixava
ou por sinal Marino Marini que não escolheu o cavaleiro tão bem
quanto o cavalo acho que eles todos deixaram de ter uma experiência maravilhosa
que eu não vou desperdiçar por isso estou te contando
Frank O'Hara (mais alguém genial que morreu aos 40)
14 de setembro de 2011
proximidades
delicadeza
gentileza
suavidade
ética
justiça
inteligência
humanidade
humano
ser
são proximidades tão longínquas do cotidiano. como faz falta viver em um mundo longe de pequenos poderes, em que o anonimato te permite ser quem é, sem julgamentos vis baseados em dogmas já muito desgastados. um mundo em que se expressar e ter opinião é sinônimo de arrogância e prepotência não é um mundo, é a definição de fascismo, ditadura, autoritarismo. viver em um filme em que um cientista quer voltar no tempo e ficar por lá, sem perspectivas futuras, com ideias passadas, provincianismos bestas, fofocas que mantêm imbecis e imbecilidades vivos, reconhecimentos por dígitos no banco, isso tudo sufoca, enforca, tira o ar. proximidades que devem ficar longe, manter a distância, recuar – por favor.
4 de agosto de 2011
19 de abril de 2011
O meu escritor
Eu achava que Cortázar fosse "o meu escritor". Mas me enganei. Esse que vos fala aí nesse vídeo, definitivamente, é o "meu escritor". É puro. É humano. É o que é a verdade, o amor, a vida, a dor. Desafio você a não chorar com suas palavras, pois elas traduzem a vida e, muito provavelmente, o que há de mais profundo dentro de você. Esse vídeo é só um gostinho da palavra, um aperitivo. Essencial para os humanos, demasiado humanos, conhecê-lo.
27 de março de 2011
Faaaantastic!
Pocoyo é um desenho animado para crianças de 2 a 4 anos. Será? :) Groove is in the heaa-aaaart...
23 de março de 2011
Inauguração do blog do coletivo pomar
Olá, amigos, conhecidos, desconhecidos!
É com muita alegria que venho compartilhar com vocês a realização de um sonho: abri minha prestadora de serviços editorias, que, em breve, se tornará uma EDITORA, em CAIXA ALTA mesmo! [:o)]
Visitem o blog, nos sigam no twitter e, por favor, divulguem por céu e terra, água e ar nossa nova microempresa.
Um beijo a todos, aí vai o link, twitter e e-mail!
www.coletivopomar.blogspot.com
@coletivopomar
coletivopomar@gmail.com
É com muita alegria que venho compartilhar com vocês a realização de um sonho: abri minha prestadora de serviços editorias, que, em breve, se tornará uma EDITORA, em CAIXA ALTA mesmo! [:o)]
Visitem o blog, nos sigam no twitter e, por favor, divulguem por céu e terra, água e ar nossa nova microempresa.
Um beijo a todos, aí vai o link, twitter e e-mail!
www.coletivopomar.blogspot.com
@coletivopomar
coletivopomar@gmail.com
25 de fevereiro de 2011
Transversais
Preciso confessar que tenho um certo apego a esse blog. É minha saga virtual, mas com um tantão da minha vida exposto aqui.
Tem vezes que eu mesma releio o que escrevi [por falta de escrever algo novo, ahn?] e vejo claramente o quanto mudei - e é bom. É reconfortante se ver melhor, sem falsa modéstia. Acho que é esse o gosto bom da maturidade. Café sem borra para ler o futuro, porque não se tem pressa para nada.
***
Bom, deixando um pouco de lado minhas divagações, quero dizer que vou contribuir uma vez por mês em um novo blog. Vou falar da minha relação com os livros, na maior parte das vezes, mas talvez eu escreva sobre alguma outra coisa, quem sabe. Muita gente boa escreve por lá, inclusive meu maridão. Este é um convite para vocês, fiéis leitores do passado [rs], visitarem o Transversais.
Tem vezes que eu mesma releio o que escrevi [por falta de escrever algo novo, ahn?] e vejo claramente o quanto mudei - e é bom. É reconfortante se ver melhor, sem falsa modéstia. Acho que é esse o gosto bom da maturidade. Café sem borra para ler o futuro, porque não se tem pressa para nada.
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Bom, deixando um pouco de lado minhas divagações, quero dizer que vou contribuir uma vez por mês em um novo blog. Vou falar da minha relação com os livros, na maior parte das vezes, mas talvez eu escreva sobre alguma outra coisa, quem sabe. Muita gente boa escreve por lá, inclusive meu maridão. Este é um convite para vocês, fiéis leitores do passado [rs], visitarem o Transversais.
4 de janeiro de 2011
para bruna
"as flores de plástico não morrem" [algum dos titãs]
flores de plástico que vinham em vasinhos de plástico com terra de plástico com cores que só o plástico pode ter. elas decoravam a mesinha de plástico que púnhamos para tomar nescau da tarde, eu e minha prima, leite batido no liquidificador de plástico, com hélice de plástico, que nossas mães nos deram precavidas que eram. Sobre a mesa uma toalha de plástico ilustrada com flores e frutas, e também pratos, copos e talheres de plástico e guardanapos – de papel. em nossas barraquinhas – de pano – sobre o chão – de grama – sonhávamos com o bolo de açúcar que assava em um forninho – de metal – e cheirava à nossa infância, doce, feliz e bem vivida.
"as flores de plástico não morrem" [algum dos titãs]
flores de plástico que vinham em vasinhos de plástico com terra de plástico com cores que só o plástico pode ter. elas decoravam a mesinha de plástico que púnhamos para tomar nescau da tarde, eu e minha prima, leite batido no liquidificador de plástico, com hélice de plástico, que nossas mães nos deram precavidas que eram. Sobre a mesa uma toalha de plástico ilustrada com flores e frutas, e também pratos, copos e talheres de plástico e guardanapos – de papel. em nossas barraquinhas – de pano – sobre o chão – de grama – sonhávamos com o bolo de açúcar que assava em um forninho – de metal – e cheirava à nossa infância, doce, feliz e bem vivida.
15 de abril de 2010
Educação
Posso dizer que fui educada pelo cinema, pela televisão e pela música sem pudor. E também pelos livros, mas, por incrível que pareça, bem menos educada por eles. Sempre preferi os gibis.
[Hoje eu defendo a importância da leitura na construção do conhecimento, mas acho que estou mais é vendendo meu peixe. [rs]]
No começo foi assim...
Um filme muda a minha vida: Tudo por uma esmeralda.
Muitas músicas acompanham minha vida: Gilberto Gil e seu Palco.
Os programas da tevê me ensinam: Bambalalão.
E os gibis são o maior presente das minhas férias: Almanacão de férias da Turma da Mônica.
Depois do ponto de partida...
Dos filmes: O segredo de seus olhos [UAU! Não é redundante dizer que isso sim é que é filme: roteiro perfeitamente amarrado até o último segundo. me cansa a valer a teimosia de alguns cineastas [brasileiros e franceses] em permanecerem na nouvelle vague, no realismo italiano ou nos bovarismos sem-fim] e Educação. Educação porque adoro Nick Hornby – ele popeia e pipoca seu pop por todo o filme, n'est-ce pas? [mais um excelente roteiro]
Dos programas de tevê: tá difícil, mas me surpreendi [uha!] com um programa para jovens na Cultura, chamado Login. Pelo menos o que vi esses dias foi bem legal e aprendi como não roubarem a senha do meu e-mail!
Dos livros: Shakespeare, Shakespeare, Shakespeare! De transbordar de maravilhoso! Se você ler um, vai querer ler tudo. Mas prepare-se: faz mudar muita coisa! [e os cronópios, claro.]
Dos presentes de férias: os livros livres de trabalho, que, geralmente, ficam estacionados no criado-mudo, parados na página 21, mas que dão a sensação de que estou lendo o que quero...
Das músicas: as músicas que as pessoas ouvem e lembram de mim, com a batidinha indie-folk e do punk. E música brasileira. E Villa-Lobos, Yamandú, as músicas sem palavras para trabalhar com elas.
[Hoje eu defendo a importância da leitura na construção do conhecimento, mas acho que estou mais é vendendo meu peixe. [rs]]
No começo foi assim...
Um filme muda a minha vida: Tudo por uma esmeralda.
Muitas músicas acompanham minha vida: Gilberto Gil e seu Palco.
Os programas da tevê me ensinam: Bambalalão.
E os gibis são o maior presente das minhas férias: Almanacão de férias da Turma da Mônica.
Depois do ponto de partida...
Dos filmes: O segredo de seus olhos [UAU! Não é redundante dizer que isso sim é que é filme: roteiro perfeitamente amarrado até o último segundo. me cansa a valer a teimosia de alguns cineastas [brasileiros e franceses] em permanecerem na nouvelle vague, no realismo italiano ou nos bovarismos sem-fim] e Educação. Educação porque adoro Nick Hornby – ele popeia e pipoca seu pop por todo o filme, n'est-ce pas? [mais um excelente roteiro]
Dos programas de tevê: tá difícil, mas me surpreendi [uha!] com um programa para jovens na Cultura, chamado Login. Pelo menos o que vi esses dias foi bem legal e aprendi como não roubarem a senha do meu e-mail!
Dos livros: Shakespeare, Shakespeare, Shakespeare! De transbordar de maravilhoso! Se você ler um, vai querer ler tudo. Mas prepare-se: faz mudar muita coisa! [e os cronópios, claro.]
Dos presentes de férias: os livros livres de trabalho, que, geralmente, ficam estacionados no criado-mudo, parados na página 21, mas que dão a sensação de que estou lendo o que quero...
Das músicas: as músicas que as pessoas ouvem e lembram de mim, com a batidinha indie-folk e do punk. E música brasileira. E Villa-Lobos, Yamandú, as músicas sem palavras para trabalhar com elas.
5 de março de 2010
Vale um poema
A centésima divagação
A incerteza poderia me desesperar, mas ela me animava a descobrir o incerto, eterno mutante.
***
Eu digo que vou morrer com 120 anos. E vou, a incerteza me dá provas de que tudo pode acontecer. Mas tem vezes que me pego a pensar se falo isso para justificar minha preguiça do fazer hoje, já que tenho 89 anos à minha frente. O que imagino que faria no futuro? Eu me atrasaria 15 minutos, incertamente, para manter a minha infâmia. Também daria um beijo no meu amor, logo cedinho, e desejaria um bom-dia, bom trabalho e declararia meu amor. Porque meu amor vai viver até os 122, tenho a incerteza. Tomaria muitas xícaras de café, incertamente. O estômago e o café são companheiros, não inimigos. [foram feitos um para o outro.] Bateria muito papo furado, falaria bem dos outros, falaria mal dos outros, me culparia pelo último fato e prometeria me calar mais. Arrumaria a cama, escovaria os dentes[5 vezes] e tomaria banho [2 vezes]. Se eu pudesse, desinventaria o computador. Com todas as minhas forças, o destruiria até ele virar pó e sumir no espaço. Eu deixaria para lavar o carro num dia melhor, porque não há dia melhor para lavar o carro. Eu trabalharia menos do que gostaria e leria mais do que poderia. A televisão me tiraria algumas horas de leitura, porque a televisão me ensina. Eu também tentaria adivinhar quem está ligando antes de atender o telefone. Quase sempre acerto e me acho meio bruxa por isso. [a verdade é que poucas pessoas me ligam.] Eu ouviria a rádio Eldorado para descobrir um músico e uma música novos. Café da manhã, almoço, jantar e uns beliscões no meio-tempo, sagrados. Eu viraria japonesiana, com uma alimentação oriental rigorosa. Mas o pão ainda seria alimento essencial e sagrado. O exercício físico seria ainda mais esporádico com o passar do tempo. Eu andaria de bicicleta no fim de semana, como fazia com meus 12 anos. O cinema, o contato com os amigos, as preparações na cozinha, os elogios, tudo seria mais constante.
Mas a muito menos de 89 anos nenhum olhar de hoje será o mesmo. Não haverá ao meu redor as pessoas que vejo hoje, as memórias que vejo hoje, a paisagem que vejo hoje. Nenhum ver pode ser melhor vervido que o de hoje, por mais clichê, repetido e pouco interiorizado que seja. Heloisa Helena de Almeida Beraldo Assis, viveu bem e com muita sorte seus 31 anos, 2 meses, 27 dias e 1 hora exata. Amanhã voltará a vervida com a sorte e a incerteza dos seus 31 anos, 2 meses, 28 dias e algumas horas inexatas, pois vai acordar mais tarde, sem despertador.
***
Centésimo post, viva!
Obrigada - sempre - pelos comentários!
Agora que o ano já está passando ainda mais rápido, feliz 2010!
***
Eu digo que vou morrer com 120 anos. E vou, a incerteza me dá provas de que tudo pode acontecer. Mas tem vezes que me pego a pensar se falo isso para justificar minha preguiça do fazer hoje, já que tenho 89 anos à minha frente. O que imagino que faria no futuro? Eu me atrasaria 15 minutos, incertamente, para manter a minha infâmia. Também daria um beijo no meu amor, logo cedinho, e desejaria um bom-dia, bom trabalho e declararia meu amor. Porque meu amor vai viver até os 122, tenho a incerteza. Tomaria muitas xícaras de café, incertamente. O estômago e o café são companheiros, não inimigos. [foram feitos um para o outro.] Bateria muito papo furado, falaria bem dos outros, falaria mal dos outros, me culparia pelo último fato e prometeria me calar mais. Arrumaria a cama, escovaria os dentes[5 vezes] e tomaria banho [2 vezes]. Se eu pudesse, desinventaria o computador. Com todas as minhas forças, o destruiria até ele virar pó e sumir no espaço. Eu deixaria para lavar o carro num dia melhor, porque não há dia melhor para lavar o carro. Eu trabalharia menos do que gostaria e leria mais do que poderia. A televisão me tiraria algumas horas de leitura, porque a televisão me ensina. Eu também tentaria adivinhar quem está ligando antes de atender o telefone. Quase sempre acerto e me acho meio bruxa por isso. [a verdade é que poucas pessoas me ligam.] Eu ouviria a rádio Eldorado para descobrir um músico e uma música novos. Café da manhã, almoço, jantar e uns beliscões no meio-tempo, sagrados. Eu viraria japonesiana, com uma alimentação oriental rigorosa. Mas o pão ainda seria alimento essencial e sagrado. O exercício físico seria ainda mais esporádico com o passar do tempo. Eu andaria de bicicleta no fim de semana, como fazia com meus 12 anos. O cinema, o contato com os amigos, as preparações na cozinha, os elogios, tudo seria mais constante.
Mas a muito menos de 89 anos nenhum olhar de hoje será o mesmo. Não haverá ao meu redor as pessoas que vejo hoje, as memórias que vejo hoje, a paisagem que vejo hoje. Nenhum ver pode ser melhor vervido que o de hoje, por mais clichê, repetido e pouco interiorizado que seja. Heloisa Helena de Almeida Beraldo Assis, viveu bem e com muita sorte seus 31 anos, 2 meses, 27 dias e 1 hora exata. Amanhã voltará a vervida com a sorte e a incerteza dos seus 31 anos, 2 meses, 28 dias e algumas horas inexatas, pois vai acordar mais tarde, sem despertador.
***
Centésimo post, viva!
Obrigada - sempre - pelos comentários!
Agora que o ano já está passando ainda mais rápido, feliz 2010!
30 de novembro de 2009
Saga suína
Se você pensa que tudo o que se come com fome tem um sabor delicioso, temos a certeza de que você nunca experimentou essa iguaria campestre: bolinho de chuva frio sabor calabresa defumada!
Imagine a combinação do gostinho de piraquê de presunto com geladeira fedida e açúcar e canela... É - realmente - inesquecível...
Imagine a combinação do gostinho de piraquê de presunto com geladeira fedida e açúcar e canela... É - realmente - inesquecível...
17 de novembro de 2009
Ouvem-se os suínos de Natal
Prólogo
Os gritos dos suínos no matadouro embalaram meus sonhos infantis. Quais as consequências psicológicas que esses sons, nada harmônicos nem melódicos, causaram em minha mente? Pena, dor, sentimento de vingança contra a raça humana? Nada disso e tudo isso: muitos questionamentos sobre o que representa no imaginário coletivo a palavra porco e qual o papel de seu representante físico no mundo real.
Porco, pra quê te quero?
Porcofobia?
Boca de porco é como chamam um lugar bagunçado, que não preza pela qualidade, mal gerenciado. Cabeça de porco é como chamam um cortiço, um lugar cheio de gente e, por isso também, um pouco bagunçado. Porco é como chamam o torcedor do Palmeiras, mas também é como nos referimos aos indivíduos de conduta duvidosa, indivíduos bagunçados moralmente... [sem analogias, por favor!] E os judeus e adventistas e mais um monte de religiosos não comem carne de porco, pois os bichinhos foram malditos na Bíblia como representantes do tinhoso na Terra! E agora tem a gripe porcina, tão pegajosa quanto a viúva! Será que é a praga do Apocalipse já prevista na década de 80? Em 2012 quem não comer porco será arrebatado? Deuses!
Hócus-pócus, pobres porcos!
Dizem que os porcos são tão inteligentes quanto os cachorros. Nunca pude comprovar, pois os que conheci viraram comida assim que cresceram um pouco. Sei que criam porcos em casa sem fins alimentícios [ainda não conheci nenhum criador desse tipo], mas porcos-toy não são assim populares com a garotada que foi doutrinada a gostar dos cães, gatos e peixes. O único destaque positivo dos suínos na mídia foi o porquinho falante Babe, de quem não temos notícias há anos, pois cresceu muito e deve ter virado presunto ou viciado em ervas, como os atores mirins.
Temos de admitir que porcos são figuras malquistas até em desenhos animados: ou são gagos, ou são detestados por lobos, ou são maldosos e querem aprontar alguma pra cima dos carneiros [Shaun que o diga!].
Então, foquemos nas coisas boas que os porquinhos nos trazem: nhóinc! é uma onomatopeia fofa; tem também focinho que sobe-e-desce e fica suando e solta ar quente com perdigotos e remete ao cheiro do chiqueiro, éca!
Epílogo
Puxa, acho que só a alquimia culinária [para quem não tem uma religião com dieta restritiva e não acredita que isso vai impedir o arrebatamento em 2012] é que pode nos lembrar dos prós de um porcino: o carinho do pernil de Natal, o aroma do joelho de porco com chucrute, a cor peculiar da água da salsicha, o paladar inenarrável do lombo com abacaxi, o brilho da bistequinha, a tonalidade rosa-roxo do presunto... e aaah, os assustadores mas gostosos porco no rolete e porco assado com a maçã na boca!
Porco, como te quero!
Os gritos dos suínos no matadouro embalaram meus sonhos infantis. Quais as consequências psicológicas que esses sons, nada harmônicos nem melódicos, causaram em minha mente? Pena, dor, sentimento de vingança contra a raça humana? Nada disso e tudo isso: muitos questionamentos sobre o que representa no imaginário coletivo a palavra porco e qual o papel de seu representante físico no mundo real.
Porco, pra quê te quero?
Porcofobia?
Boca de porco é como chamam um lugar bagunçado, que não preza pela qualidade, mal gerenciado. Cabeça de porco é como chamam um cortiço, um lugar cheio de gente e, por isso também, um pouco bagunçado. Porco é como chamam o torcedor do Palmeiras, mas também é como nos referimos aos indivíduos de conduta duvidosa, indivíduos bagunçados moralmente... [sem analogias, por favor!] E os judeus e adventistas e mais um monte de religiosos não comem carne de porco, pois os bichinhos foram malditos na Bíblia como representantes do tinhoso na Terra! E agora tem a gripe porcina, tão pegajosa quanto a viúva! Será que é a praga do Apocalipse já prevista na década de 80? Em 2012 quem não comer porco será arrebatado? Deuses!
Hócus-pócus, pobres porcos!
Dizem que os porcos são tão inteligentes quanto os cachorros. Nunca pude comprovar, pois os que conheci viraram comida assim que cresceram um pouco. Sei que criam porcos em casa sem fins alimentícios [ainda não conheci nenhum criador desse tipo], mas porcos-toy não são assim populares com a garotada que foi doutrinada a gostar dos cães, gatos e peixes. O único destaque positivo dos suínos na mídia foi o porquinho falante Babe, de quem não temos notícias há anos, pois cresceu muito e deve ter virado presunto ou viciado em ervas, como os atores mirins.
Temos de admitir que porcos são figuras malquistas até em desenhos animados: ou são gagos, ou são detestados por lobos, ou são maldosos e querem aprontar alguma pra cima dos carneiros [Shaun que o diga!].
Então, foquemos nas coisas boas que os porquinhos nos trazem: nhóinc! é uma onomatopeia fofa; tem também focinho que sobe-e-desce e fica suando e solta ar quente com perdigotos e remete ao cheiro do chiqueiro, éca!
Epílogo
Puxa, acho que só a alquimia culinária [para quem não tem uma religião com dieta restritiva e não acredita que isso vai impedir o arrebatamento em 2012] é que pode nos lembrar dos prós de um porcino: o carinho do pernil de Natal, o aroma do joelho de porco com chucrute, a cor peculiar da água da salsicha, o paladar inenarrável do lombo com abacaxi, o brilho da bistequinha, a tonalidade rosa-roxo do presunto... e aaah, os assustadores mas gostosos porco no rolete e porco assado com a maçã na boca!
Porco, como te quero!
Fácil, fácil!
Como todo restaurante que dá um "tíque" e, se você juntar dez deles, ganha uma refeição completa; ou então como o café que, se você colecionar cinco carimbos, o próximo é na faixa, o botequim da esquina tem promoção exclusiva para beberrões de Tubaína [a rainha do espumante tutti-frutti] e glutões de P.F. [a refeição mais balanceada à brasileira]: pague R$ 6,99, tome um cafezinho adoçado na saída, chupe uma bala de menta e guarde o troco – depois de 700 refeições você ganha uma de grátis!
10 de novembro de 2009
"Tempo-tempo mano velho..."
Ontem não consegui dormir até acabar o programa Invenção do contemporâneo na TV Cultura [o que atrapalhou meu trabalho hoje, já que as emissões realmente importantes passam depois da meia-noite...].
Há tempos ouço falar da Olgária Matos, ouvia muito falar dela nos corredores da Filosofia, mas não sabia qual sua aparência nem voz. A imagem que eu tinha criado era a de uma pessoa de uns 70 e trá-las-las anos, cabelos brancos presos em coque e com uma personalidade um tanto quanto dura.
A personalidade deve ser muito forte, mas ela é jovem, simpática, fala sobre a contemporaneidade como poucos que já ouvi, com muita desenvoltura, e o tema que ela abordou me interessava muito: o tempo sem experiência.
Para quem quiser, reserve um tempo [+ ou - 40 minutos] para experienciar que suas angústias com a passagem do tempo, cada vez mais rápida e com esse sentimento de vazio, vêm num crescendo desde 1855! Aí vai o link, aproveitem!
Há tempos ouço falar da Olgária Matos, ouvia muito falar dela nos corredores da Filosofia, mas não sabia qual sua aparência nem voz. A imagem que eu tinha criado era a de uma pessoa de uns 70 e trá-las-las anos, cabelos brancos presos em coque e com uma personalidade um tanto quanto dura.
A personalidade deve ser muito forte, mas ela é jovem, simpática, fala sobre a contemporaneidade como poucos que já ouvi, com muita desenvoltura, e o tema que ela abordou me interessava muito: o tempo sem experiência.
Para quem quiser, reserve um tempo [+ ou - 40 minutos] para experienciar que suas angústias com a passagem do tempo, cada vez mais rápida e com esse sentimento de vazio, vêm num crescendo desde 1855! Aí vai o link, aproveitem!
22 de agosto de 2009
Deu zebra?
21 de agosto de 2009
Na verdade,
Cada época tem o vício de linguagem que merece e “Na verdade,” é o da vez. Daqui a alguns anos, algum lexicógrafo vai achar fundamental incluir a locução no verbete “verdade” e a etimologia será a seguinte:
[var. do lat. in+a+ veritas, adaptada ao séc. XXI: muito usada nos ambientes de trabalho, chamados de empresas, a expressão “Na verdade,” vem seguida da mesma frase que a pessoa acabou de dizer, só que explicada de uma maneira ou mais rebuscada (para encobrir a mentira) ou mais didática (para o enunciador se sentir intelectualmente superior). A expressão vem sempre seguida de vírgula, pois a pausa é necessária para dar autenticidade a ela.]
[var. do lat. in+a+ veritas, adaptada ao séc. XXI: muito usada nos ambientes de trabalho, chamados de empresas, a expressão “Na verdade,” vem seguida da mesma frase que a pessoa acabou de dizer, só que explicada de uma maneira ou mais rebuscada (para encobrir a mentira) ou mais didática (para o enunciador se sentir intelectualmente superior). A expressão vem sempre seguida de vírgula, pois a pausa é necessária para dar autenticidade a ela.]
16 de maio de 2009
Vale a pena
Pessoal, o livro que o Carlos [querido] escreveu baseado em um disco do Luiz Gonzaga foi publicado pela Mojo. Para ler e se divertir, basta clicar na foto, se cadastrar no site e fazer o download. Acho legal que, depois ou antes da leitura, vocês ouçam o disco! E quem ficar com vontade de dançar um forró, não se segure! :o) Beijos!
19 de abril de 2009
Os bichos - II
A cadela Nina
Nina olha a câmera e arrebita o focinho. Seus olhos curiosos tentam descobrir quem é a figura faceira refletida na lente. Em segundos, ela ergue a sobrancelha e, num auto-reconhecimento instantâneo, sorri largo. Sua imagem é capturada. Fica, então, registrado, que Nina faz parte da estirpe dos cães puramente felizes. Na velocidade de um flash, Nina faz com que vejamos [através de seus olhos despretensiosos] as portas do mundo que devem ser abertas.
Os cachorros Sagu e Magoo
Filhotes de mesma mãe - Pagu - Sagu e Magoo não se largam. Tentaram separá-los, mas eles nasceram grudados! O que seria dos olhos de Magoo, todos esbugalhados, se não fosse o afetuoso irmão-guia Sagu? O que seria de Sagu, cachorro-carente [quase um cachorro-quente], se não fosse a fraternidade [sem interesses] de Magoo?
O gato Mané
Dando uma de Mané, foi se aboletando na grama da vizinha. Dia sim, noite sim, Mané miava à luz do sol, da lua e olhava fixo pras estrelas. Dias depois, Mané conseguiu dormir dentro do novo lar e ganhou cinco irmãos gatos e um irmão cachorro - "Que alegria!". No entanto, ninguém sabia que Mané, em suas noites ao relento, tinha ganhado uma mania... Olhava as estrelas fixamente e pedia, com fé sincera, para ganhar uma família. Como seu pedido foi atendido e não queria perder seus novos companheiros mais queridos, sismou que cada habitante da casa era uma estrela e que ele os olharia fixamente sempre, para nunca perder o céu de vista. Mas pobre Mané! Guardou seu segredo a sete chaves e foi incompreendido pela sua fraternidade. "É um esquisito, seu olhar fixo é uma anomalia, uma afronta!" - dizem seus irmãos. Mas mesmo assim, maltratado e rejeitado, ele ama esse céu que compôs pertinho dele e os fixa em sua mira. [hoje, Mané - o vencedor do concurso felino de quem pisca primeiro - apanha de seus irmãos semana sim, semana sim. ele reage deitando de costas, levantando suas patinhas e pedindo às estrelas que fiquem um pouco mais alegrinhas...]
O cachorro Tutti
Tutti de tutti-frutti não tem nada. Nem de fruta alguma, nem de tutti buona gente, ele é especialista em tocar o terror na multidão. Em seus 50 cm de comprimento, 30 cm de altura e poucos quilos de puro pelo, Tutti, para piorar, é bipolar. Uma hora ele te ama, pede colo, bate patinhas. Na outra, te abocanha com sua arcada dentária pequena, mas afiada. Ele é o Scoobiloo dos poodles, o Taz do Brasil. Furacão 2000 que o aguarde, pois MC Tutti Besta-Fera é militante e vai dar um fim a essa onda de chamar humanos de cachorras - o que ele considera um desfavorecimento à sua classe. É bom estar preparado!
Nina olha a câmera e arrebita o focinho. Seus olhos curiosos tentam descobrir quem é a figura faceira refletida na lente. Em segundos, ela ergue a sobrancelha e, num auto-reconhecimento instantâneo, sorri largo. Sua imagem é capturada. Fica, então, registrado, que Nina faz parte da estirpe dos cães puramente felizes. Na velocidade de um flash, Nina faz com que vejamos [através de seus olhos despretensiosos] as portas do mundo que devem ser abertas.
Os cachorros Sagu e Magoo
Filhotes de mesma mãe - Pagu - Sagu e Magoo não se largam. Tentaram separá-los, mas eles nasceram grudados! O que seria dos olhos de Magoo, todos esbugalhados, se não fosse o afetuoso irmão-guia Sagu? O que seria de Sagu, cachorro-carente [quase um cachorro-quente], se não fosse a fraternidade [sem interesses] de Magoo?
O gato Mané
Dando uma de Mané, foi se aboletando na grama da vizinha. Dia sim, noite sim, Mané miava à luz do sol, da lua e olhava fixo pras estrelas. Dias depois, Mané conseguiu dormir dentro do novo lar e ganhou cinco irmãos gatos e um irmão cachorro - "Que alegria!". No entanto, ninguém sabia que Mané, em suas noites ao relento, tinha ganhado uma mania... Olhava as estrelas fixamente e pedia, com fé sincera, para ganhar uma família. Como seu pedido foi atendido e não queria perder seus novos companheiros mais queridos, sismou que cada habitante da casa era uma estrela e que ele os olharia fixamente sempre, para nunca perder o céu de vista. Mas pobre Mané! Guardou seu segredo a sete chaves e foi incompreendido pela sua fraternidade. "É um esquisito, seu olhar fixo é uma anomalia, uma afronta!" - dizem seus irmãos. Mas mesmo assim, maltratado e rejeitado, ele ama esse céu que compôs pertinho dele e os fixa em sua mira. [hoje, Mané - o vencedor do concurso felino de quem pisca primeiro - apanha de seus irmãos semana sim, semana sim. ele reage deitando de costas, levantando suas patinhas e pedindo às estrelas que fiquem um pouco mais alegrinhas...]
O cachorro Tutti
Tutti de tutti-frutti não tem nada. Nem de fruta alguma, nem de tutti buona gente, ele é especialista em tocar o terror na multidão. Em seus 50 cm de comprimento, 30 cm de altura e poucos quilos de puro pelo, Tutti, para piorar, é bipolar. Uma hora ele te ama, pede colo, bate patinhas. Na outra, te abocanha com sua arcada dentária pequena, mas afiada. Ele é o Scoobiloo dos poodles, o Taz do Brasil. Furacão 2000 que o aguarde, pois MC Tutti Besta-Fera é militante e vai dar um fim a essa onda de chamar humanos de cachorras - o que ele considera um desfavorecimento à sua classe. É bom estar preparado!
9 de abril de 2009
Esfinge
Em fita enfileiram-se.
Em linha encontram a agulha e espetam.
Em corda reverberam do diafragma à face.
Em fio chegam sem pedir licença.
Em teia penetram o sombrio, o luminoso, o tenebroso, o maravilhoso.
Em linha encontram a agulha e espetam.
Em corda reverberam do diafragma à face.
Em fio chegam sem pedir licença.
Em teia penetram o sombrio, o luminoso, o tenebroso, o maravilhoso.
15 de março de 2009
O último filme que me fez chorar foi O Escafandro e a Borboleta. E a dor no estômago que me deu hoje fez eu me lembrar dele. Todos esses filmes de superação mexem comigo. Qualquer história do tipo “Gente que faz” me motiva a ser cada vez melhor, mais engajada, mais ativa, mais corajosa, mais qualquer coisa que seja tudo de melhor.
Quando era pequena assisti pelo menos umas 20 vezes ao filme da Nadia Comaneci, chorei todas elas e decidi que queria ser alguém importante, reconhecida pela superação dos obstáculos. Na escola praticava a ginástica olímpica; em casa, eu e minha prima fazíamos apresentações no colchão no chão, com paradas de mão, pontes, cambalhotas, o maior sucesso pra gente. Até o dia em que, depois de uma parada de mão, quase quebrei o pé. E desisti.
Com O Escafandro e a Borboleta, já pensei diferente. Putz, o cara pisca pra escrever um livro e eu, que posso piscar, falar, escrever e rebolar, fico mais parada que o trânsito em São Paulo, esperando uma pomba suicida bater no vidro do carro pra ter um lampejo de brilhantismo e escrever.
Daí, os botões ativaram: que engajamento é esse, tão efêmero quanto a duração do filme ou, pior, da vinheta? Essa minha meia-educação-católica / meia-educação-masoquista fez com que eu achasse por muito tempo na minha vida que o sofrimento é o que move, a falta de amor é o que faz ter assunto, a falta, o sofrer, a dor... [a dor de estômago resultante de um pacote de Calipso, shame on me! Hehehehe!]. Balela! [não baleia, :o)!] Mentira que é bom sofrer de amor. Mentira que pra ser criativo alguém precisa de drogas e um pé na bunda. O mundo está cheio de histórias tristes, pessoas reclamando de tudo e oportunidades escapando.
Bom mesmo, legal a valer, é ser simples e feliz. Mas não feliz-propaganda-de-margarina-absorvente-higiênico-serenus. Ou então feliz-mulheres-das-novelas-apaixonadas. Mas sim feliz-amar-e-ser-amada-sorrir-despreocupada-saber-que-pode-confiar-e-que-pra-sempre-é-hoje-todos-os-dias-agora. Com a família, com o amor-querido, com as amigas, com quem acabo de conhecer, até com a carcereira do refeitório do trabalho.
Talvez eu não deva escrever nem mesmo tentar ser ginasta [o que seria improvável na minha balzaqueanice e na minha forma física, rs], mas todos os dias meu engajamento está dentro do que é possível: me dedico a ser uma pessoa melhor, falho, me dedico novamente, falho, e vou pra onda do querer me desafiar nas esquisitices. [Agora, por exemplo, era para eu estar trabalhando num livro legal-porém-difícil; mas ouvir a voz do amor-querido me fez lembrar do blog e me fez querer escrever sobre o que encontrei, porque decidi, não por sorte...]
***
Faz um tempo que descobri que é fator-isolante ser feliz nesse mundo de gente que busca a felicidade e prefere ser triste. Até as pessoas a quem amamos acham difícil acreditar que alguém possa ser feliz! Se googlarmos, acharemos 5.400.000 para livros sobre felicidade. Será que a felicidade – a simples, que faz você sorrir quando vê passarinhos verdes num céu cinza – foi experimentada em todas essas milhões de páginas?
Quando era pequena assisti pelo menos umas 20 vezes ao filme da Nadia Comaneci, chorei todas elas e decidi que queria ser alguém importante, reconhecida pela superação dos obstáculos. Na escola praticava a ginástica olímpica; em casa, eu e minha prima fazíamos apresentações no colchão no chão, com paradas de mão, pontes, cambalhotas, o maior sucesso pra gente. Até o dia em que, depois de uma parada de mão, quase quebrei o pé. E desisti.
Com O Escafandro e a Borboleta, já pensei diferente. Putz, o cara pisca pra escrever um livro e eu, que posso piscar, falar, escrever e rebolar, fico mais parada que o trânsito em São Paulo, esperando uma pomba suicida bater no vidro do carro pra ter um lampejo de brilhantismo e escrever.
Daí, os botões ativaram: que engajamento é esse, tão efêmero quanto a duração do filme ou, pior, da vinheta? Essa minha meia-educação-católica / meia-educação-masoquista fez com que eu achasse por muito tempo na minha vida que o sofrimento é o que move, a falta de amor é o que faz ter assunto, a falta, o sofrer, a dor... [a dor de estômago resultante de um pacote de Calipso, shame on me! Hehehehe!]. Balela! [não baleia, :o)!] Mentira que é bom sofrer de amor. Mentira que pra ser criativo alguém precisa de drogas e um pé na bunda. O mundo está cheio de histórias tristes, pessoas reclamando de tudo e oportunidades escapando.
Bom mesmo, legal a valer, é ser simples e feliz. Mas não feliz-propaganda-de-margarina-absorvente-higiênico-serenus. Ou então feliz-mulheres-das-novelas-apaixonadas. Mas sim feliz-amar-e-ser-amada-sorrir-despreocupada-saber-que-pode-confiar-e-que-pra-sempre-é-hoje-todos-os-dias-agora. Com a família, com o amor-querido, com as amigas, com quem acabo de conhecer, até com a carcereira do refeitório do trabalho.
Talvez eu não deva escrever nem mesmo tentar ser ginasta [o que seria improvável na minha balzaqueanice e na minha forma física, rs], mas todos os dias meu engajamento está dentro do que é possível: me dedico a ser uma pessoa melhor, falho, me dedico novamente, falho, e vou pra onda do querer me desafiar nas esquisitices. [Agora, por exemplo, era para eu estar trabalhando num livro legal-porém-difícil; mas ouvir a voz do amor-querido me fez lembrar do blog e me fez querer escrever sobre o que encontrei, porque decidi, não por sorte...]
***
Faz um tempo que descobri que é fator-isolante ser feliz nesse mundo de gente que busca a felicidade e prefere ser triste. Até as pessoas a quem amamos acham difícil acreditar que alguém possa ser feliz! Se googlarmos, acharemos 5.400.000 para livros sobre felicidade. Será que a felicidade – a simples, que faz você sorrir quando vê passarinhos verdes num céu cinza – foi experimentada em todas essas milhões de páginas?
8 de março de 2009
Persistência
Para os persistentes que ainda passam por aqui com a esperança de ler algo novo, que não fossem desculpas por não escrever nada há tempos, muito obrigada! O blogue está só com xícaras usadas e café de garrafa térmica, mas voltarei em breve. Talvez com outro blogue, talvez com o mesmo de cara nova...
Vi que existem novidades blogueiras que desconhecia, como os "seguidores", e já agradeço minha prima Cris por ser uma seguidora querida! :o)
Beijos a todos e persistam, pois renascerei da borra loguinho-loguinho! Ah! E um Ano-Novo muito lindo, com muita luz, um pouco menos de calor e um viva para quem inventou o ventilador!
10 de outubro de 2008
II
Minha família é o resumo do mundo perto de mim.
Tem pra todos os gostos, humores, amores, ideiais, vocações, ilustrações.
Em todo o mundo prega-se a tolerância entre as diferenças.
No minimundo, precisa-se pregar um post-it lembrando que a tolerância é a melhor amiga da paciência e, só assim, alcança-se a paz mini-universal [a paz de espírito].
Esse mundo, o familiar, tem me mostrado que o silêncio é mesmo de ouro.
Que a política é o dia-a-dia. Ser direto nem sempre é bom. Gostos não são discutidos. Nem crenças, nem futebol e nem o porquê de ter votado em quem não tinha chance.
Mas chega uma hora que o resumo do mundo vira contação de histórias, passado passado a limpo, conversas ao redor do bule, todos sentados esparramados pela mesa depois do almoço. Nesse momento tudo é festa de encontro, história para dividir.
Minha família não é perfeita, como ninguém no mundo é.
Tem altos e baixos como a bolsa de valores, porém, dentro dela, o amor nunca é especulação.
7 de outubro de 2008
I
Nos serviços burocráticos dos carimbos, das assinaturas, dos prazos a cumprir, na solução de como se deve vender o peixe nascido às margens do Tietê, semi-morto, a palavra perdeu o sentido e se afogou no tempo. Eu me perdi dela por todo o outono e começo da primavera. Vi os ipês em flor, as flores caírem, as pitangueiras florescerem e até comi as pitangas. Já não sabia mais o que seria: se eu juntasse letras, como a reconheceria? De repente, ela chegou logo para ser dita, aos berros, em dupla, combinando imagem e idéia: alma-calma.
27 de julho de 2008
De repente, Orelha descobriu porque nada ornava. Há 25 anos apaixonava-se por cérebros.
[Orelha] - Ouvido, nossa, escute! Descobri o que acontece comigo. Parte dos meus neurônios migram para órgãos como fígado e estômago; parte faz um bloqueio da ligação visão-raciocínio-lógico. É daí que vem minha estranha paixão por cérebros!
Ouvido queria ouvir outra conclusão. Provocou-a.
[Ouvido] - Orelha, você está muito intelectualizada. Vamos analisar a procedência dessa cegueira e burrice súbita, depois você tira conclusões melhores.
[Orelha] - Intelectualizada o escambal! Faz 25 anos que me analiso e agora cheguei a uma associação plausível! Ei, por favor! Ouça direito, depois venha me analisar!
Orelha tira um bastão cotonete de seu bolso e o entrega ao Ouvido. Este o utiliza com prazer inenarrável, olhando para cima. Orelha se espanta: nunca tinha visto Ouvido com os olhos brilhantes e tão comovido! Aproveitou a brecha e lançou:
[Orelha] - Ouvido, preciso te perguntar uma coisa: você tem cérebro?
[Ouvido] - Cérebro? Ahn-han, claro! Somos da mesma espécie ou não?
Ouvido, ao ouvir a pergunta, respondeu-a esperançoso. Pensou, "Depois desse tempo todo ela só foi perceber agora que o Ouvido aqui tem tudo o que ela mais gosta? Cérebro e ouvidos para escutá-la! Tanto suas doces quanto suas terríveis palavras..."
Encontravam-se à sós, Ouvido e Orelha, ela ao pé dele, ambos sentados à mesa, na calçada, a 50 centímetros de distância. Ouvido não sabia que Orelha tinha mudado sua maneira de ouvi-lo a partir do momento em que viu Ouvido se sentir feliz com uma coisa simples.
[Orelha] - Ouvido, você viu as estrelas no céu hoje?
[Ouvido] - Olhei-as quando você me emprestou o bastão cotonete. Lindas! Elas me deixam feliz, não sei porquê.
[Orelha] - Porque elas te...
[Ouvido] - ...me ligam diretamente ao coração de quem eu amo.
[Orelha] - É exatamente isso que eu sinto! Puxa, faz tanto tempo...
E os dois sorriram, de orelha a orelha, e deixaram um cometa rastrear o começo de suas histórias.
[Orelha] - Ouvido, nossa, escute! Descobri o que acontece comigo. Parte dos meus neurônios migram para órgãos como fígado e estômago; parte faz um bloqueio da ligação visão-raciocínio-lógico. É daí que vem minha estranha paixão por cérebros!
Ouvido queria ouvir outra conclusão. Provocou-a.
[Ouvido] - Orelha, você está muito intelectualizada. Vamos analisar a procedência dessa cegueira e burrice súbita, depois você tira conclusões melhores.
[Orelha] - Intelectualizada o escambal! Faz 25 anos que me analiso e agora cheguei a uma associação plausível! Ei, por favor! Ouça direito, depois venha me analisar!
Orelha tira um bastão cotonete de seu bolso e o entrega ao Ouvido. Este o utiliza com prazer inenarrável, olhando para cima. Orelha se espanta: nunca tinha visto Ouvido com os olhos brilhantes e tão comovido! Aproveitou a brecha e lançou:
[Orelha] - Ouvido, preciso te perguntar uma coisa: você tem cérebro?
[Ouvido] - Cérebro? Ahn-han, claro! Somos da mesma espécie ou não?
Ouvido, ao ouvir a pergunta, respondeu-a esperançoso. Pensou, "Depois desse tempo todo ela só foi perceber agora que o Ouvido aqui tem tudo o que ela mais gosta? Cérebro e ouvidos para escutá-la! Tanto suas doces quanto suas terríveis palavras..."
Encontravam-se à sós, Ouvido e Orelha, ela ao pé dele, ambos sentados à mesa, na calçada, a 50 centímetros de distância. Ouvido não sabia que Orelha tinha mudado sua maneira de ouvi-lo a partir do momento em que viu Ouvido se sentir feliz com uma coisa simples.
[Orelha] - Ouvido, você viu as estrelas no céu hoje?
[Ouvido] - Olhei-as quando você me emprestou o bastão cotonete. Lindas! Elas me deixam feliz, não sei porquê.
[Orelha] - Porque elas te...
[Ouvido] - ...me ligam diretamente ao coração de quem eu amo.
[Orelha] - É exatamente isso que eu sinto! Puxa, faz tanto tempo...
E os dois sorriram, de orelha a orelha, e deixaram um cometa rastrear o começo de suas histórias.
26 de maio de 2008
a primeira vista
o primeiro sorriso
a primeira conversa
o primeiro livro
a primeira música
o primeiro filme
a primeira dança
o primeiro passo
a primeira confissão
o primeiro beijo...
não nessa ordem, nem em espaço de tempo que se possa contar. amor-amor, como o perfume, o aroma, está na memória do dia-a-dia, a cada dia, maior-maior. [:o)]
***
Há tempos não escrevo textos sérios, revoltados, despeitados, irônicos. Minha quase-poesia está com os dois pés no pueril. Acho que essa mudada de tom está boa pra mostrar que é possível ser mais leve depois de ter carregado alguns pesos. E que tudo só fortaleceu um músculo do corpo, o coração.
o primeiro sorriso
a primeira conversa
o primeiro livro
a primeira música
o primeiro filme
a primeira dança
o primeiro passo
a primeira confissão
o primeiro beijo...
não nessa ordem, nem em espaço de tempo que se possa contar. amor-amor, como o perfume, o aroma, está na memória do dia-a-dia, a cada dia, maior-maior. [:o)]
***
Há tempos não escrevo textos sérios, revoltados, despeitados, irônicos. Minha quase-poesia está com os dois pés no pueril. Acho que essa mudada de tom está boa pra mostrar que é possível ser mais leve depois de ter carregado alguns pesos. E que tudo só fortaleceu um músculo do corpo, o coração.
21 de maio de 2008
Trocadilhando [ou os quatro elementos]
[Quem disse que vai acabar?]
água da chuva pra regar
água do mar pra navegar
água do olho pra descarregar
água do rio pra bebericar
água do amor pra criar, criar...
[E a gente respira isso todos os dias...]
ar, ar, ar...
está em todos os mais importantes verbos da primeira conjugação: amar, respirar, brincar, trabalhar, regar, plantar, cuidar, amar, amar, amar...
["Por mais distante, o errante navegante..."]
terra:
põe os pés nela
gaia criadora
e acarinha
[Transforma e transcende]
fogo, fogueira, fogão:
no tempo, no espaço, nos astros
primeira luz, guia, elemento astrolábio
continue regendo, transformando e transcendendo
água da chuva pra regar
água do mar pra navegar
água do olho pra descarregar
água do rio pra bebericar
água do amor pra criar, criar...
[E a gente respira isso todos os dias...]
ar, ar, ar...
está em todos os mais importantes verbos da primeira conjugação: amar, respirar, brincar, trabalhar, regar, plantar, cuidar, amar, amar, amar...
["Por mais distante, o errante navegante..."]
terra:
põe os pés nela
gaia criadora
e acarinha
[Transforma e transcende]
fogo, fogueira, fogão:
no tempo, no espaço, nos astros
primeira luz, guia, elemento astrolábio
continue regendo, transformando e transcendendo
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